Storytelling é um jeito de pensar a comunicação

Com a convicção de que storytellling não é uma técnica, mas sim um jeito de pensar a comunicação organizacional, Marcelo Douek entende o formato como superação de um cenário de sobrecarga informativa e de um estilo intrusivo de comunicar. A tendência é ter cada vez mais dificuldade em atrair atenção dos públicos de interesse, então os esforços de qualificação do discurso devem ser prioridade. Este é o panorama sobre o qual foi desenvolvido o curso “Storytelling aplicado à Comunicação Interna” junto à Associação Brasileira de Agências de Comunicação/Abracom no dia 27 de abril de 2011 no Espaço JK em São Paulo/SP. O tema é considerado uma novidade na gestão e na comunicação e tem interessado diferentes profissionais e setores de negócio.

A diversificação de canais e sua intensa digitalização levam a uma onipresença das marcas nas vidas das pessoas, o que dificulta a fixação de conteúdos ou sua diferenciação. Por outro lado, as redes sociais emergem como potencializadoras de diálogos e as relações mais pessoais trazem a emergência das emoções. Se antes as empresas distribuíam relatos racionais, agora é a vez de outro tipo de abordagem. Douek, pós-graduado em Gestão Empresarial pela Business School SP e com cursos de especialização em Branding pela Kellog School of Management, Planejamento de Comunicação pela ESPM/Miami AdSchool SP e curso de Roteiro com Robert Mckee, tem defendido o uso do storytelling. História, diz ele, é uma seqüência de eventos organizados de forma especial, o que a torna capaz de influenciar pessoas, organizações e sociedades. Seu conteúdo expõe metáforas da vida que dão insights para compreender a natureza humana.

Outro componente importante das histórias diz respeito à proposta de um relato composto por exemplos, o que faz lembrar a teoria do Espelho sobre a capacidade do ser humano de aprender por imitação. Junto a isto, deve-se levar em conta que o ser humano é um ser social, e esta interação cotidiana via relatos de vida lhe é natural. Mais ainda, atendendo ao que o ministrante chama de Princípio de Linearidade, o homem tem necessidade de conferir sentido aos acontecimentos e a buscar causa e efeito nas ocorrências de sua trajetória, o que acontece quando verbaliza uma história sobre o que antes seria aleatório. Para Douek, contar histórias é a maneira mais poderosa de transmitir conhecimento, trocar experiências e aguçar a imaginação. Por meio delas é que as pessoas fortalecem suas relações e criam sua percepção de mundo. “Contar histórias é fazer escolhas e ter convicção sobre elas, com alinhamento à mensagem que se deseja comunicar”, acrescenta.

Ao estudar o processo cognitivo por trás das boas histórias é possível perceber que o storytelling envolve elementos ­ conflito, personagem, universo e trama ­ que precisam estar organizados de maneira correta para fazer sentido e tocar as pessoas. No curso, eles foram detalhados e exercícios foram feitos para entender melhor esta divisão e também inseri-la na “lógica dos três atos” e incrementá-la com elementos como o evento incitante e o clímax. Outra dinâmica envolveu a construção de personagem, com arquétipos, caracterização, qualidades observáveis e dilemas, camadas que tornam a trama mais interessante ao lado de outras definições como período, duração e localização dos acontecimentos a relatar. Douek explica que “o dilema faz uma história ganhar vida, justamente mostrando escolhas”, sendo que o universo ficcional (caso utilizado) precisa contemplar premissas sociais, naturais, político-econômicas e estilos de vida. (ler mais em mundorp.com.br)

Por Rodrigo Cogo / São Paulo

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