Responsabilidade Social nas organizações do Terceiro Setor

Responsabilidade Social é um tema já bastante discutido e recorrente no cenário econômico atual. Podemos afirmar isso. No entanto, ao discutirmos essa temática, lançamos luz sobre a adesão dessa prática nas organizações do terceiro setor. Elas realmente praticam aquilo que se propuseram defender?


A princípio abre-se o debate - levantando a questão de que possivelmente algumas organizações do terceiro setor não cumprem, na íntegra, a sua função social - quando, por natureza, são responsáveis socialmente.

Então vamos aos dados:

Foi por volta da década de 1990 que as empresas começaram a potencializar seus investimentos em projetos sociais no Brasil. É o que apontam as pesquisas realizadas pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, em que apontam que 59% das empresas como sendo investidoras em projetos sociais nas regiões Nordeste, Sul e Sudeste (TORRES, 2003)

Entretanto a sociedade tem sofrido com esses avanços. Nesse sentido, as empresas passam a assumir a responsabilidade de construir uma sociedade mais justa, com melhor distribuição dos recursos. A reestruturação desses processos sociais obrigou o Estado a desenvolver políticas que pudessem atender às demandas que essa sociedade exigia. Questões antes tratadas em escala local, agora estavam sendo tratadas em ordem global, interferindo na vida da comunidade. De acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA, em 2002, 44% das empresas brasileiras não fizeram previsão orçamentária para seus investimentos na área social.

Aparentemente, estas empresas não demonstraram preocupação com as condições sócio-econômicas e/ou ambientais. Certamente porque suas prioridades seriam em auferir lucros, ao invés de investir socialmente. Assim, abre-se precedente para que estas mesmas organizações justifiquem a não aplicação da RSE em suas políticas.

Nesse período a sociedade estava vivendo a efervescência de um novo momento: a globalização. Os processos de integração entre as economias e sociedades tornaram-se a tônica dos relacionamentos, implicando em transformações sociais profundas, que trouxeram grandes conquistas à sociedade, como o Código de Defesa do Consumidor sob a forma da lei 8.078/1990 no Brasil. É o que indica o texto de Sampaio (2010), publicado no portal do Ministério do Planejamento.

Paralelamente à evolução dos conceitos de responsabilidade social na década de 1990 e, para atender às demandas que o Estado não tinha condições de suprir, as Organizações Não-Governamentais – ONG´s, assumem um papel de protagonismo institucional, isto é, de caráter social, religioso, filantrópico etc, manifestando-se como alternativa para as minorias se estabelecerem como sujeitos participativos na sociedade moderna, como comprova Caroline Faria em texto para o portal InfoEscola.

Se a comunicação é “um princípio fundamental da organização gregária humana”, como afirma Candido Celso, é justamente no Terceiro Setor que ela deveria servir como instrumento ético, promovendo aquilo que se propõe.

É nesse contexto controverso, de argumentos contra e a favor da responsabilidade social, que surgiu a necessidade de se analisar a relação entre RSE no terceiro setor e as contribuições das relações públicas, pois, “a presença de uma controvérsia, a oportunidade de discussão e o aparecimento de uma decisão ou opinião coletivas marcam as características do agrupamento elementar chamado de público” Andrade (2001, p. 13).

Por Danilo Marinho

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