De volta para o futuro – O estereotipo!

Num passado não muito distante, em meados de 2004, trabalhava em uma organização que mantinha boas relações com seu público interno. Adotava políticas de recursos humanos que valorizavam o potencial de seus colaboradores, como planos de cargos e salários, área de lazer, campo de futebol, tudo o que uma empresa, considerada de grande porte poderia e deveria oferecer aos seus funcionários.

Mas, não contava com os critérios para ser contemplado com essas “regalias”. Todos os colaboradores da maioria dos departamentos poderiam usufruir de tais direitos, exceção aos funcionários que trabalhavam no Call Center da empresa. Ai, ai, ai!

Em algum dia, que não me lembro bem qual foi, o presidente da organização resolveu fazer uma visita às instalações do prédio de uma de suas filiais, onde estava sediado também o Call Center. O serviço de atendimento ao consumidor – SAC.

O objetivo de sua breve estadia era, entre outros, anunciar as novas políticas de procedimentos internos aos seus subordinados. Daí minha surpresa. Esse anúncio me pareceu mais um decreto-lei do que a simples divulgação de novas políticas internas.

Dentre um dos novos planos, estava a restrição aos colaboradores que trabalhavam no Call Center. Eles, a partir do anúncio do presidente, tinham horários preestabelecidos para irem ao sanitário. Às 10h e às 16h. Além disso, nenhum dos colaboradores locados no serviço de atendimento ao consumidor poderia ser transferido para outro departamento. O que indicava um contra-senso às políticas anteriormente adotadas pela empresa, de planos de cargos e salários.

Mas a melhor parte dessa história vem agora. Estava eu trabalhando normalmente, quando minha chefe me chamou, em meio a um atendimento de rotina. Ela pediu calmamente para que eu sentasse, assim o fiz. Alguns segundos depois ela disse:

- Posso te fazer uma pergunta? Prontamente respondi claro, pois não. Outra surpresa. – você usa drogas? - Hein?! Como assim? Ela estava fazendo esse tipo de pergunta em meio aos outros colaboradores e todos ouvindo aquela nossa conversa. Seria um absurdo, mas aconteceu. Na hora fiquei sem ação. Calado estava, calado fiquei. Tirando o fato de ela ser uma pessoa que possui características de descendência “ariana” e eu, cabelos cacheados, grandes, estilo black power, e com cara de artista, pensei mil coisas . Mas, ela cai no lugar comum. Por possuir todas essas características, ela julgou que eu seria usuário de drogas.

Bom, percebe-se que essa organização não conhece alguma coisa chamada, assédio moral, ou diretos humanos. Outro detalhe, para a minha surpresa, essa “organização” possui um departamento de marketing. Sugiro que as pessoas envolvidas com esse departamento participem do III Congresso Brasileiro Científico de Comunicação Organizacional e Relações Públicas - III Abrapcorp 2009, cujo tema é:

por Danilo Marinho

Comentários