Diálogos ABERJE: Universidade discute comunicação estratégica

A universidade não sobrevive sem as experiências da prática, mas também pode trazer conhecimentos para a iluminar outros caminhos. Esta concepção ficou mais uma vez comprovada pela segunda edição do projeto Diálogos ABERJE Universidade, expressada pela opinião das professoras Ivone de Lourdes Oliveira e Maria Aparecida de Paula, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, no lançamento do livro “O que é comunicação estratégica nas organizações”, editado pela Paulus na coleção “Questões Fundamentais da Comunicação”. A atividade aconteceu no dia 30 de abril de 2009 na sede da entidade em São Paulo/SP.

Embora o tema comunicação estratégica seja tônica nas discussões e estudos sobre comunicação organizacional, os aspectos teórico-conceituais a respeito são ainda restritos. Basicamente, o assunto tem objetivo de distinguir funções gerenciais e táticas da comunicação, além de identificar e analisar mudanças que operam de um patamar instrumental para outro, de base estratégica. Para superar a lacuna, Ivone desenvolveu uma tese e recebeu a análise crítica e a conexão com o mercado de Maria Aparecida, por conta de seus mais de 20 anos de consultora empresarial. No capítulo 1, são analisadas as transformações da sociedade e seus impactos nas organizações, nas relações de produção e de trabalho, na conduta e na gestão dos negócios, e ainda no redimensionamento da forma de conceber e gerir os processos comunicacionais.


O Capítulo 2 apresenta o modelo de interação comunicacional dialógica na relação com os atores sociais. A construção teórica do modelo e a reflexão sobre a dimensão estratégica da comunica
ção fez identificar cinco componentes dessa dimensão, expostos no Capítulo 3. Por fim, o Capítulo 4 faz a conexão com a prática, dentro das pesquisas bibliográfica e empírica realizadas por Ivone, através do processo de comunicação interna da Alcan Alumínio do Brasil e da Samarco Mineração. “A instrumentalização da comunicação não dá conta da complexidade das organizações e da sociedade”, manifesta ela, acrescentando que o modelo linear e informacional clássico não é adequado para as novas demandas, que ultrapassam os processos de emissão-recepção. “A organização não tem mais o poder da centralidade da enunciação”, reiteira Ivone, ao que Maria Aparecida ilustra com exemplos de grandes obras públicas de infra-estrutura que são diretamente moldadas pela intervenção das comunidades.

O livro tem entre seus méritos o questionamento sobre várias concepções teóricas, como “público-alvo” e “entorno”, no instante em que se entende a corporação como mais um entre vários agentes sociais, assim como a idéia de “consenso” suplantada pela noção de entendimento entre as diferenças. Ivone acredita que a organização ainda é uma grande iniciadora de processos comunicacionais, “mas a significação está no outro, e suas reações não são previstas”. “Estratégia” seria outra terminologia descolada e sem fundamentação teórica, motivo que levou ao estudo, tentando apresentar o tema como um processo cotidiano. Seria a comunicação inserida na cadeia de decisão, numa globalidade, em que o planejamento precisaria de uma concepção mais avançada e flexível.(ler mais em mundorp.com.br)

Por Rodrigo Cogo / São Paulo

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