Entendimento da dinâmica das comunidades é ponto de partida para trabalho de comunicação

A estréia de um novo curso na grade de opções da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial sinalizou uma forte demanda das organizações por reflexões e melhorias numa de suas interfaces de diálogo: relacionamento com comunidades e mobilização social. O relações públicas e pesquisador mineiro Márcio Simeone Henriques foi o responsável pela condução da atividade no dia 24 de setembro de 2009 na sede da entidade em São Paulo/SP e conseguiu reunir profissionais de cinco estados distintos.

Ele iniciou pela problematização sobre conceito e práticas ligados à comunidade, que traz um significado próximo ao de comunicação, no sentido de tornar comum e estar de alguma maneira conectado coletivamente. A vida coletiva se organiza segundo esquemas orientadores religiosos, políticos, filosóficos e jurídicos, como construção histórica. Conforme Simeone, é necessário conhecer a tradição, no que tange à auto-preservação, com a comunidade guardando sua memória; ao pertencimento, que se dá pela identificação uns com os outros; ao aconchego, como sensação de lugar e proteção; à relação direta baseada na oralidade e à homogeneidade, tendência à criação de determinados padrões de convivência sócio-culturais rígidos. “Laços de parentesco e vizinhança são a base da relação comunal”, explica.

Um dos pontos relevantes nesta construção de significado para balizar projetos de mobilização ou intervenção organizacional está no entendimento e na superação de estereótipos, como a comunidade como “lugar dos pobres”, comunidade como espaço salvador ou puro e comunidade como lugar de consenso. Outra questão é o laço contratual escrito, que segundo várias correntes sociológicas inexiste nas comunas originais, mas a tendência à institucionalização é quase unânime nas relações entre empresas e grupos de pessoas na atualidade. O consultor aponta que as comunidades não podem mais ser vistas com base na tradição, onde por exemplo a sociabilidade buscava uma convergência de lugar ­ o que não se torna mais fundamental diante da existência de meios de comunicação ­ e os interesses comuns não eram uma força aglutinadora como agora. Citando John Thompson, acrescenta que “é possível pensar formas de comunidade baseadas numa comunhão de interesses e experiências mediadas”. O grande desafio é pensar na construção do “comum” nos espaços urbanos complexos, com atenção às práticas culturais e simbólicas que organizam nossa vida diária e a formação de grupos sociais variados. Uma série de variáveis intervem na estruturação da identidade e do pertencimento. “As comunidades modernas são muito plásticas e permeáveis, e constituem inúmeras redes de relações”, assinala. (Ler mais em mundorp.com.br)

Por Rodrigo Cogo / São Paulo

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