Para Admilson Gomes de Oliveira – in memoriam

Esse não apenas um espaço para discutirmos comunicação, relações públicas, ou qualquer coisa do gênero. É um espaço também para dizermos que acima de todo tipo de debate, discussão, embate, estão as pessoas. Por isso, venho abrir esse espaço para prestar minhas condolências a um senhor que durante minha permanência em Recife também gritava, mais alto do que eu! Caza, Caza! Sport!


CAZÁ, CAZÁ, ADMILSON!
                                                           (Para Admilson Gomes de Oliveira – in memoriam)
           
            Como vou ver agora a tua inesquecível figura - camisa do Sport, radinho de pilha ao ouvido, a caminhar pelo entorno do Mercado da Encruzilhada, atento aos lances de Sport versus qualquer time de dentro ou de fora do Estado?
            Como ouvir os teus comentários - mais que apaixonados -, enaltecendo as virtudes, ou achincalhando os jogadores do Leão da Ilha, conforme tenha sido o seu desempenho bom ou mau, na última partida? E os papos ao portão da casa duplex onde fomos vizinhos, tu no térreo, eu no primeiro andar?  As gostosas histórias de família (especialmente a da “doação”, à sua revelia, da camisa Volta ao Mundo –  história tantas vezes repetida, para nosso deleite) ; as peraltices do cachorro choquito, a arranhar com suas patas, os carros da familia e a quebrar jarros de plantas no jardim.
            Como ouvir novamente: “Filha, vem ver quem tá aqui!! - referindo-se ao “neto postiço” Iago Marinho - na verdade meu neto – a quem demostravas carinho de verdadeiro avô?
            Não mais teremos esse gozo. Ele agora é privilégio dos teus novos vizinhos, novos amigos, novos “netos”.
            Em outros entornos, circulas, olhando, de longe, o teu time jogar.
            Os campos agora são outros. São campos celestes. Neles, conforme dizem, só existe uma torcida. Todos estão do mesmo lado. E parece que todos são vencedores. Não sei bem como pode ser isso, mas acredito que assim seja.
            Tens aí um radinho, para acompanhar as partidas? Parece que não é necessário. Os sentidos são mais aguçados, no lugar onde estás.
            Certamente estás feliz.
            Por isso, não ficamos tristes com a tua partida. Sabemos que a tua companhia faz bem a outros que partiram antes de ti.
            Nos conformamos. Guardamos de ti pequenas lembranças; a tua marca nos objetos que deixaste; a tua imagem na nossa memória; mas a lembrança maior que guardamos é a da pessoa Admilson. A tua singeleza. A tua simpatia; a tua facilidade de comunicação com todos os que gravitavam ao teu redor: o segurança da rua; o porteiro do prédio vizinho; o vizinho do prédio ao lado; o coronel, o garçon, o engraxate, enfim, todos os que conheceste ou com quem, de alguma forma, tiveste contato.
            É muita gente para ter saudade. É muita saudade dentro da gente.
            Mas, como disse, nos conformamos. Alguém do outro lado, precisava de ti. Também queria ouvir o que tinhas pra contar. Talvez quisesse discutir futebol. Ou, quem sabe, ouvir as últimas de choquito. Ou, ainda, saber a programação do carnaval. Tu sabias tudo de carnaval!
            Não importa! Importa saber que atendeste ao chamado.
            E que nós podemos contar que tivemos um amigo especial. Que, independentemente de partida, torcia sempre por nós.
            É por isso que eu, tricolor de coração, trago-te o meu adeus com o grito do Leão.
            Cazá, Cazá!!
           
            J. C. Marinho
            Recife, maio, 2010

                       

            Também em nome de: Valdete, Victor, Daniele, Danilo, Vanessa e Iago Marinho



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